19/11/2004

(sometimes)

Ouvir a banda sonora de Lost in Translation, de Sophia Copolla. Antes tarde do que nunca... sometimes.

12/10/2004

Feiras, festivais e demais.

Em Huesca há uma feira de Teatro e Dança. Em Espanha há muitas feiras de Teatro e Dança. Em Portugal não conheço nenhuma. Então fui a Espanha ver o que é isso de uma feira de Teatro e Dança.
Uma mostra e uma montra do que se faz por Espanha e não só, que os muitos programadores espanhóis e estrangeiros presentes procuravam saber, conhecer, promover, divulgar, vender, comprar... Loja aberta até às 5 da manhã durante 6 dias. Programadores, directores de companhias, promotores, críticos, convidados, cruzavam-se diariamente por diversos espaços na cidade e acabavam as noites na sala das Produções Viridiana, onde uma late night session complementava a programação central.
Eram muitos espectáculos e havia sempre público. Tantas coisas diferentes, estilos, géneros, formas de fazer, pensar... boas, más, gosto, não gosto... e a cabeça a andar à roda...
Porque é que não há feiras em Portugal? Só conheço festivais. Se calhar porque não há suficientes interessados em divulgar, fazer circular, vender, comprar, mostrar, discutir o teatro e a dança nacionais. Não sei. Mas devia haver, não? Somos assim tão diferentes nesta Ibéria? Falta de iniciativa? Alguma. Falta de apoios? Óbvio. Não somos bons vendedores? Também. Somos bons compradores? Somos, embora irregulares. Preconceituosos? Um pouco.
A iniciativa em Huesca pertenceu ao Ayuntamento, aqui a quem poderia pertencer? O incentivo financeiro teria que ser público à partida. A promoção da criação artística dentro e fora de portas é um princípio valioso no desenvolvimento da cultura de um país. Assim sendo, justificado está o empenho do Estado na organização de acções deste tipo. O lucro? por exemplo uma maior autonomia financeira de quem produz em relação aos subsídios do Estado. O ganho? Tanto...
Desde o último Festival Danças na Cidade, que em 2002 agitou Lisboa de uma forma imprevisível e contagiante, que poucos foram os que entraram para ver a dança que por aqui se faz. Verdade seja dita, muitos foram os contactos estabelecidos com os programadores e curiosos que visitaram Lisboa por esses dias e escolheram o Tiago Guedes, a Tânia Carvalho, a Sónia Baptista, por exemplo, para se apresentarem em festivais um pouco por todo o lado, França, Bélgica, Áustria, Alemanha, Rio de Janeiro...
A dança contemporânea portuguesa é muito apreciada... por aqueles que a conhecem. Mas muitos mais poderiam ser se regularidade dos festivais e de outras iniciativas congéneres fosse também uma realidade portuguesa, mas não é. Culpa há muita. Mas ninguém a quer.

A internacionalização também se trata dentro de portas.

03/10/2004

when autumn leaves start to fall

Durante o mês de Setembro andei pelo Teatro, teatro de contenção, feito com muita vontade, poucos incentivos e boa escrita. Do Ninho de Víboras revi Kvetch, uma peça de Steven Berkoff, na exígua sala Virgílo Martinho em Almada. Representação com desequilíbrios mas bem defendida por um texto que lança o olhar cru sobre as insuficiências quotidianas dos personagens, de forma ligeira e divertida. Dias depois My Zinc Bed de David Hare, encenada por Carlos Afonso Pereira e reposta no espaço da Casa Conveniente, aliás um enquadramento perfeito. Arrebatou-me pela simplicidade e eficácia e, claro, pelo texto, com tanto de brilhante como desconcertante. Um triângulo amoroso fechado num círculo de cadeiras. Muito bem. Mais tarde,The Scum Show da Inestética, uma criativa adaptação da história de Tim Burton para um espectáculo ambicioso, imaginativo, descontraído, comunicativo e um tanto bizarro. A minha surpresa teatral do ano. A fechar, aceitei ser cobaia do Rogério Nuno Costa na sua pesquisa para No Caminho que ele iria apresentar no A8 em Torres Vedras. Não nos conhecíamos eu e ele, mas já nos conhecíamos. Eu escolhi o local em Lisboa ao pé do coelho da Alice, e ele lá estava à hora marcada. Presenteou-me com um espectáculo no meio da hora de ponta, mas só para mim. Agradeci, muito.
No entretanto, vi e ouvi os Naifa ao vivo no Incrível Club em Almada a recordar Tourada, de Fernando Tordo. Assisti a um documentário sobre Rui Chafes na Culturgest. Acompanhei pela comunicação social a ida da Vera Mantero e da comitiva do IA para a Bienal de S. Paulo. Espreitei a instalação da Luciana Fina no Museu do Chiado. E pensei na Sónia Baptista, que foi à Bienal de Dança de Lyon encantar com os seus Haikus e regressou para nos encontrarmos no A Song from Down Under de Vânia Rovisco e Samuel Louwyck, um espectáculo injustificavelmente imberbe. Já da apresentação de Olga Mesa não posso dizer o mesmo. Uma reflexão sobre si mesma, em confronto com o contexto do mundo exterior ao seu corpo, transmitida de uma forma muita intimista. Do Festival Temps d’Images vi menos do que desejei. Tudo se atropelou, e o tempo e o dinheiro exigiram escolhas. Pelo caminho ficaram os filmes do Indie Lisboa e sei lá mais o quê. Mas chegou o Outono.

14/09/2004

Burning up.



No Pavilhão Atlântico, Madonna cantou, encantou e dançou. Dançou muito.
O espectáculo foi isso mesmo, um espectáculo! e também um bom concerto.
Quando chegou ao fim, acabou. Sem encore. Burning Up.

12/09/2004

Confidencial



Se o Camões já é oficialmente a Casa da Dança não sei, mas que as grandes produções portuguesas por ali passam é um facto. Quando digo grandes produções, distancio-me da grande fatia da dança portuguesa que não realiza àquela escala.
Na sala cheia, o espectáculo começou depois das nove. A fotografia inicial da nova coreografia de Olga Roriz anunciava belas imagens...
Imagens, deixadas em cena, que o tempo de Olga (des)gasta, desmonta, desenlaça. Aguardo, pacientemente. Deixo o tempo avançar, mais imagens.
O que ainda me encanta na Pina Bausch é uma mesma cena ou situação poder dizer tanto e tantas coisas. Tudo se encadeia inteligentemente; as interpretações eclécticas e irrepreensíveis; os corpos que se envolvem incondicionalmente... A Olga desilude-me, esperei melhor. Esperava ver em "Confidencial" um bom exemplar do seu género.
Acompanho o trabalho da Olga há bastante tempo . Não vi alguns dos seus trabalhos mais recentes, confesso. Mesmo assim fui vendo. Assisti à procura de caminhos, elencos, solidez, reconhecimento, de uma companhia de autor... Fui assistindo, aqui e ali, acompanhando de perto e de longe. De quem é este "Confidencial"? Quem é Olga Roriz, agora?
O espectáculo, dividido em duas partes, são várias cenas ligadas pela banda sonora e pelos objectos. Na primeira parte bancos, muitos bancos e antes do intervalo os vasos e as flores, muitos também. Constrói-se e desconstrói-se. Ás vezes há marionetas, sequências rápidas de movimento em uníssono, danças pessoais acompanhadas de um beat techno acelerado, ou a mulher cliché, vestida de cliché que se comporta como cliché ao som de versões de my funny valentine. O dueto entre Adriana Queirós e Pedro Cal prendeu-me finalmente. Como um musical MGM foi o momento menos monótono até ali. Não guardo sequer as belas imagens. Chegou o intervalo, cheguei ao intervalo. Acendem-se as luzes da sala e eles ficam para ali, no palco imenso, a pôr flores em vasos, enquanto timidamente nos levantamos. Saímos? Ficamos? Partimos. Eram onze horas e faltava mais de uma hora para o fim. Já não vi as penas da segunda parte. Perdão, aborreci-me demais para ficar.

09/09/2004

O esplendor americano



Em Setembro tropeço num filme aplaudido nos festivais de Sundance e Cannes no ano passado, "American Splendor". O nome é o mesmo da série de comics de Harvey Pekar e Harvey Pekar é o protagonista do filme, excelentemente interpretado pelo actor Paul Giamatti.
A banda-desenhada autobiográfica de Pekar misturada com as histórias da sua vida, o próprio Pekar misturado com Giamatti resultam num argumento surpreendente de Shari Spinger Berman e num filme muito divertido que Robert Pulcini assina. Para dizer a verdade, nunca tinham ouvido falar em nenhum deles.

Um tipo meio falhado, obcecado por música e BD, descobre o seu talento por necessidade ou acidente. Um filme que parece uma BD, uma vida que merece um filme, uma BD que se parece com a América imensa onde há mesmo de tudo (até filmes destes...).
Sugestão.

21/08/2004

15 minutos sem fio

http://www.youtube.com/watch?v=gbRE2X5xR44#

Em Março apresentei este meu vídeo e do João Rodrigues, na Quinzena da Juventude de Almada. "15 minutos sem fio" tem exactamente 15 minutos e foi uma consequência dos 2 meus projectos performativos anteriores: "Sem Fio" e "(...) Fio"[2003]. Fechou, definitivamente, um ciclo influenciado por textos de Dorothy Parker e Jean Cocteau. Estes são os primeiros 4 minutos.