14/09/2004

Burning up.



No Pavilhão Atlântico, Madonna cantou, encantou e dançou. Dançou muito.
O espectáculo foi isso mesmo, um espectáculo! e também um bom concerto.
Quando chegou ao fim, acabou. Sem encore. Burning Up.

12/09/2004

Confidencial



Se o Camões já é oficialmente a Casa da Dança não sei, mas que as grandes produções portuguesas por ali passam é um facto. Quando digo grandes produções, distancio-me da grande fatia da dança portuguesa que não realiza àquela escala.
Na sala cheia, o espectáculo começou depois das nove. A fotografia inicial da nova coreografia de Olga Roriz anunciava belas imagens...
Imagens, deixadas em cena, que o tempo de Olga (des)gasta, desmonta, desenlaça. Aguardo, pacientemente. Deixo o tempo avançar, mais imagens.
O que ainda me encanta na Pina Bausch é uma mesma cena ou situação poder dizer tanto e tantas coisas. Tudo se encadeia inteligentemente; as interpretações eclécticas e irrepreensíveis; os corpos que se envolvem incondicionalmente... A Olga desilude-me, esperei melhor. Esperava ver em "Confidencial" um bom exemplar do seu género.
Acompanho o trabalho da Olga há bastante tempo . Não vi alguns dos seus trabalhos mais recentes, confesso. Mesmo assim fui vendo. Assisti à procura de caminhos, elencos, solidez, reconhecimento, de uma companhia de autor... Fui assistindo, aqui e ali, acompanhando de perto e de longe. De quem é este "Confidencial"? Quem é Olga Roriz, agora?
O espectáculo, dividido em duas partes, são várias cenas ligadas pela banda sonora e pelos objectos. Na primeira parte bancos, muitos bancos e antes do intervalo os vasos e as flores, muitos também. Constrói-se e desconstrói-se. Ás vezes há marionetas, sequências rápidas de movimento em uníssono, danças pessoais acompanhadas de um beat techno acelerado, ou a mulher cliché, vestida de cliché que se comporta como cliché ao som de versões de my funny valentine. O dueto entre Adriana Queirós e Pedro Cal prendeu-me finalmente. Como um musical MGM foi o momento menos monótono até ali. Não guardo sequer as belas imagens. Chegou o intervalo, cheguei ao intervalo. Acendem-se as luzes da sala e eles ficam para ali, no palco imenso, a pôr flores em vasos, enquanto timidamente nos levantamos. Saímos? Ficamos? Partimos. Eram onze horas e faltava mais de uma hora para o fim. Já não vi as penas da segunda parte. Perdão, aborreci-me demais para ficar.

09/09/2004

O esplendor americano



Em Setembro tropeço num filme aplaudido nos festivais de Sundance e Cannes no ano passado, "American Splendor". O nome é o mesmo da série de comics de Harvey Pekar e Harvey Pekar é o protagonista do filme, excelentemente interpretado pelo actor Paul Giamatti.
A banda-desenhada autobiográfica de Pekar misturada com as histórias da sua vida, o próprio Pekar misturado com Giamatti resultam num argumento surpreendente de Shari Spinger Berman e num filme muito divertido que Robert Pulcini assina. Para dizer a verdade, nunca tinham ouvido falar em nenhum deles.

Um tipo meio falhado, obcecado por música e BD, descobre o seu talento por necessidade ou acidente. Um filme que parece uma BD, uma vida que merece um filme, uma BD que se parece com a América imensa onde há mesmo de tudo (até filmes destes...).
Sugestão.